terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Dear Me

Fiquei a conhecer por estes dias uma personagem fictícia chamada Hilda, que, se tivesse sido criada recentemente, eu diria que tinha sido inspirada em mim.

Hilda é uma criação do ilustrador Duane Bryers (1911-2012), uma modelo plus size ruiva e que, definitivamente, não tinha complexos com o seu corpo. Era também uma personagem muito desajeitada.




Estão a ver a Hilda na ilustração acima? Ok, estão a ver-me a mim de biquini a andar de bicicleta, com a minha Jelly (sem as manchas - porra! O Duane esqueceu-se de acabar de colorir o minha pequena) num cestinho e invariavelmente a falar num telefone muito antigo no meio de um bosque.

Sim, gordinha, ruiva, com curvas e no estilo "bota pá'quebrá".




Estas curvas são tão minhas...
Esta tonalidade de pele então (vermelhinha com os primeiros raios de sol)...

Nunca imaginei que pudesse haver uma personagem tão igual aquilo que sou, em tudo.




E tempo houve em que não me sentia bem comigo mesma. Numa determinada altura da minha vida, há muitos muitos anos atrás por falta de peso (dito assim, até parece mal!). Sempre tive curvas, mas quanto tinha os meus 17 / 18 anos, apesar de as ter, eu estava magra demais para aquilo que é a minha estrutura. A minha cara era horrível porque fazia duas covas no lugar das bochechas e só se viam olhos e testa.

Mais tarde, há 2 anos atrás, mais coisa, menos coisas, sentia-me mal por excesso de peso. Não me sentia bem com o meu corpo. Estava demasiado pesada e não gostava do que via.

Agora, tenho uns quilinhos a mais, é bem verdade, mas sinto-me eu. Sinto-me bem e apesar de olhar ao espelho e reconhecer que não é a melhor da visões e que há muito lugar a melhoria, gosto do que vejo.




Não defendo a auto estima exacerbada nem a postura de que tens que gostar do teu corpo. Eu própria admito que já não gostei do meu em determinadas fazes da vida. Mas defendo que devemos amar-nos a nós próprias (não sei se acima de todas as outras coisas, porque estaria a mentir se dissesse isso, mas amarmo-nos, ponto).




Daqui até inicio de Maio assumi o compromisso de perder 5kg (meta minha, compromissos pessoais) e vou perde-los. Ultimamente aprendi a gostar mais de mim e muito mais da minha vida, a dar valor a pequenas coisas e a outras tantas que só as posso aproveitar se me sentir bem comigo própria, desperta e com energia para usufruir delas.




Tenho uns quilos a mais, mas quando quero, consigo ficar uma mulher bem atraente. É só vestir aquela roupa me favorece, dar um jeito no cabelo, por aquelas botas de salto alto que me dão a postura ideal e pintar os lábios. O resto vem com a auto-estima e confiança. A verdade é que metade da nossa beleza exterior vem da nossa atitude. Acredito nisso!




Nós mulheres, não somos obrigadas a gostar do que vemos ao espelho, nem a ser escravas da aparência, mas é muito importante que gostemos de nós próprias. Mas gostar de um forma sincera, daqueles amores que são para vida, podendo ser daqueles que temos que admitir que não era assim que se gostaria de ser, mas se se é demasiado conformada para mudar, tem que se gostar de si assim dessa forma conformada porque dá mais prazer ficar sossegada num canto que procurar uma melhor versão de si própria.
Sempre que não gostei de uma versão de mim (e aqui falando muito mais além da aparência física) passei por um momento de negação ("ninguém tem nada a ver com isso" e "sou assim e ponto" ou "não devo nada a ninguém, por isso, que ninguém me venha com discursos do que devo ou não fazer") até que chegou o momento de dar a volta por cima. Regra geral este momento chega sempre com uma chapada daquelas que nos vira a vida do lado do avesso e que nos deixa no limbo entre "enfrentas a vida com uma mão na cintura, outra na massa e queixo para cima, como uma padeira de Aljubarrota" ou "entras no modo depressivo para o resto da vida". Nem sempre é fácil por a auto-estima lá para cima, mas vai-se trabalhando diariamente nisso. Às vezes melhor, outras vezes pior, mas regra geral, gosto de mim por dentro e por fora. Só assim que sinto preparada para gostar dos outros.

Cada um que se ame da forma que achar melhor, mas que se ame.




Podia ter aproveitado este dia para fazer mega declaração ao meu Miúdo, mas ele sabe que o amo porque me amo a mim (e porque ele faz parte de mim).

Muitas mais ilustrações aqui. Adoro o Bored Panda!

Jelly Pearl

1 comentário:

  1. Eu tb te Amo muito!
    E a verdade é que as ilustrações, por muito proximas que estejam, não reflectem nem metade da mulher fantastica que tu és.
    E tenho de te agradecer por me ajudares a valorizar-me mais e tb a corrigir e melhorar alguns, mas muito poucos :p, defeitos que eu tenho.
    Obrigado por fazeres de mim um homem melhor!

    ResponderEliminar